2.4.08

Lamborghini DL30C


Modelo: Lamborghini DL30C 1957
Fabricante: Universal Hobbies


Particularmente interessante este Lambo sem volante, os ínfimos pormenores estão lá todos, inclusive as lagartas muito bem detalhadas, assim como o gancho, as alavancas e o lettering támbem tem boa qualidade... excelente Lamborghini!


O Inicio de um Sucesso Sob o Signo do Touro
Ferruccio Lamborghini, o protagonista de uma vida feita de coragem, determinação e bom senso, primogénito de cinco irmãos, filhos de Antonio Lamborghini, proprietário agrícola na povoação de Renazzo, a norte da região de Bolonha (Itália), nasce em Cento, a 25 de Abril de 1916, predestinado a passar à posteridade para o grupo dos Homens com “H Grande” no sector de tractores agrícolas e automóveis desportivos de luxo.

Depois de aprender a arte de trabalhar a terra e a maneira esforçada como na época as tarefas físicas exigiam, pela ajuda que cedo começou a dar a seu pai nas tarefas agrícolas do dia-a-dia (apesar da propriedade da família já ter um tractor…), com a tenra idade de 14 anos decidiu ir à procura de emprego no ofício para onde mais pendia a sua inclinação profissional. E assim foi parar a Bolonha, onde arranjou colocação como aprendiz de mecânico na Casa Righi.

Como corolário da sua formação prática em mecânica, o autodidacta beneficiou ainda do tempo em que trabalhou em motorizações de veículos bélicos, quando no ano de 1944, na condição de prisioneiro das forças militarizadas britânicas, foi obrigado a trabalhar na qualidade de mecânico, conseguindo por fim acumular e atingir uma base preciosa de conhecimentos para o futuro destino industrial, recheado de sucessos, que o esperava.
Com base na experiência adquirida, no ano de 1949 nasce o primeiro tractor genuinamente agrícola da autoria de Ferruccio Lamborghini: equipava com motor Morris da série 6C, de 40 cv, já com elevador hidráulico e outros requisitos de vanguarda para a época. O modelo, bem sucedido, representa o marco da passagem da fase artesanal para a industrial. Confiante no empreendimento, com a ajuda financeira do pai o construtor compra 1.000 motores à Morris. Depois de esgotado o stock dos mil motores comprados e com o modelo do tractor desenvolvido, Lamborghini começa a montar motorizações de 20 a 50 cv MWM-Benz e, inicia a construção e montagem em série de caixas sincronizadas de 4 a 12 velocidades.
Com uma boa gestão empresarial aliada à qualidade reconhecida dos seus tractores nos principais mercados, os consequentes avultados lucros levaram o construtor italiano a diversificar os investimentos, a partir de uma segunda fábrica, que fundou, dedicada à produção de ar condicionado e de equipamentos para aquecimento central. Nascido sob o signo de Zodíaco (de onde adopta, por símbolo das suas marcas, o Touro), Ferruccio Lamborghini, já condecorado Cavaliere del Lavoro pelo Presidente da República de Itália, começa a aproximar-se, em fortuna pessoal, aos homens mais ricos do país.

Entretanto, embora dispersando-se por outras actividades industriais, concentrando prioritariamente os seus interesses no negócio dos seus tractores agrícolas, em 1954 o fabricante italiano alarga a sua gama de ofertas com os primeiros tractores de lagartas da marca, de início equipados com motores MWM-Benz, para em séries posteriores passarem a montar já com motorizações próprias Lamborghini (1958). Os primeiros motores de concepção e fabrico Lamborghini desta época motorizaram também os pequenos modelos de tractores de 22 cv, de 2 cilindros, conhecidos por “Lamborgninetta”, que no fim dos anos 50 surgiram no mercado para concorrer com os tractores da mesma classe: os “Piccola” da Fiat, os “Landinetta” da Landini e os “Sametto” da Same.

Na continuação da pesquisa e desenvolvimento, como sempre orientou a gestão das suas empresas, Ferruccio Lamborghini introduz, em 1962, a versão da dupla tracção na sua gama de tractores, o que, acompanhando em evolução os seus concorrentes mais próximos, também contribuiu para aumentar a sua já ampla quota de exportação, ao mesmo tempo que lhe permitiu situar-se no mercado doméstico na quarta posição de vendas, depois da Fiat, da Same e da OM.
Desde sempre apaixonado por automóveis, tendo começado a sua vida por alterar viaturas com aplicações “tuning” e chegado a construir, a partir de um Fiat “Topolino”, um carro veloz com o qual concorreu na prova “Mille Miglia” (1948); logo que começou a ter dinheiro de sobra passou a deslocar-se em desportivos de luxo, reunindo na sua garagem Mercedes, Jaguar, Ferrari, entre outros... Para além do empenho que desde sempre dedicou ao sector de veículos agrícolas, a paixão por automóveis levou Ferruccio a construir, com o mesmo nome da marca dos seus tractores, o automóvel que se celebrizou com a designação de “Miura, símbolo dos touros do mais conceituado criador de gado bravo espanhol Eduardo Miura (1917), lançando no mercado do sector de automóveis de luxo o primeiro Lamborghini, modelo “GTV 350” (apresentado no Salão de Turim de 1963).

Por mais bizarro que possa parecer, da biografia consultada sobre o autor do carro de luxo consta que o aparecimento do bólide Lamborghini se ficou a dever a um problema mecânico que o Ferrari de Ferruccio teve, relacionado com um mau funcionamento da sua embraiagem, uma avaria crónica que, reclamada pessoalmente ao engenheiro Enzo Ferrari na sua fábrica de Maranello, para grande surpresa e contestação do reclamante não foi aceite, tendo tido como resposta: “Você não percebe nada de carros, o melhor que tem a fazer é passar a deslocar-se em tractor…”. E, depois da avaria técnica do Ferrari ter sido solucionada por Ferruccio através da adaptação de uma embraiagem Borg & Beck que montava nos seus tractores, e o problema ter ficado final e definitivamente resolvido, o construtor italiano de tractores resolveu transformar mais um dos seus sonhos em realidade.


Ferrucio Lamborghini vs Enzo Ferrari


Ferruccio Lamborghini, que já havia mostrado interesse em fabricar um carro veloz desportivo com o seu nome, decidiu uma vez mais diversificar e ampliar o negócio do seu Grupo empresarial, e pondo mãos à obra, por ironia do destino mandou construir uma fábrica moderna e totalmente apetrechada para o efeito, em Sant’Agata, curiosamente situada a poucos quilómetros da fábrica Ferrari de Modena…, onde daí viria a ser lançado no mercado (1966), com desenho de Bertone, o famoso “Miura”, provavelmente o melhor dos GT (Grande Turismo) daquele tempo, que se tem mantido como tal até aos dias de hoje.
Entretanto, em plena crise generalizada no mercado mundial de tractores, o fabricante italiano recebe um rude golpe quando 5.000 dos seus tractores, prontos para embarcar para a Bolívia, ficaram retidos na alfândega, e depois retornados à fábrica, por impedimento motivado pela súbita morte, por acidente em helicóptero, do então Presidente da República desse país. E a revolução local que em seguida teve lugar, deu origem à anulação da encomenda firmada, o que representou um prejuízo incalculável, que foi posteriormente minimizado pela ajuda preciosa que recebeu do seu amigo Gianni Agnelli.

Em 1970, desmotivado com o atrás sucedido, numa altura onde em Itália as greves de trabalho e as conflitualidades sindicais eram uma constante, Ferruccio Lamborghini resolve descansar e viver dos muitos e avultados rendimentos de que já usufruía, vendendo o projecto automóvel a um Grupo suíço e os tractores, ao fabricante da Same. Os tractores Lamborghini e o que demais fazia parte do seu fabrico, foram comprados nesse ano por Francesco Cassani, pouco antes da morte deste último, com tudo a contribuir, por esta nova forma, para que o bom nome Lamborghini continuasse a perdurar no mundo das máquina agrícolas e dos automóveis de grande luxo.
Por esta altura Ferruccio nomeia Tonino, seu filho único do primeiro casamento, como gestor das suas restantes empresas, o qual, saindo ao pai se dedicou à multiplicação da herança recebida através do fabrico e comercialização de roupas com design Lamborghini, através de uma cadeia de lojas de luxo no Japão.
E voltando às suas origens ligadas à terra, Ferruccio compra uma propriedade que confina com o lago Trasimone, onde num enquadramento paisagístico paradisíaco constrói uma vivenda, que dá o nome à propriedade — La Fiorita —, a condizer em grandeza e bom gosto com o ambiente envolvente, constituído por uma plantação de vinha a perder de vista, implantada a conselho e por orientação dos melhores peritos em vitivinicultura. O vinho produzido, lançado no mercado mundial através da Feira de Verona, com garrafas expostas por cima de automóveis Lamborghini, acompanhado por manequins italianas semi-vestidas com super mini-saias e decotes arrojados até ao umbigo, a darem a provar aos visitantes um vinho cunhado como sendo “o generoso sangue dos Miura” foi um sucesso absoluto. A produção desse ano e de anos seguintes, em média a rondar as 800 mil garrafas, foi praticamente toda vendida para exportação e a um preço que só não assusta os muitos compradores de carros da classe dos Lamborghini.

Outros modelos em:
http://www.konedata.net/Traktorit/lamborghini.htm
http://www.samedeutz-fahr.com/lamborghini/